terça-feira, 30 de abril de 2013

Cartas pata Vinicius de Moraes

Os alunos do 3º ano do Ensino Médio do CEAT viram o filme VINICIUS DE MORAES, de Miguel Faria Jr. e ,  diante de tantas faces de nosso “poetinha” prestam-lhe uma homenagem em forma de cartas. Aí vão algumas delas:

Nascimento: 19 de outubro de 1913, Rio de JaneiroFalecimento: 9 de julho de 1980, Rio de JaneiroEducação: Universidade Federal do Rio de JaneiroÁlbuns: Musicalmente, Amália/Vinicius, MaisFilhos: Pedro de Moraes, Susana de Moraes, Georgiana de Moraes,Luciana de Moraes, Maria de Moraes

Caro Vinicius,

São algumas décadas que nos afastam, no entanto  parece que a magia de suas músicas atemporais e seus poemas que mais parece a história dos amores de uma vida transcrita em versos, continuam alegrando tanto as “ garotos de Ipanema” quanto os garotos de todo o Brasil.

Caro Vinicius,

São algumas décadas que nos afastam, no entanto  parece que a magia de suas músicas atemporais e seus poemas que mais parece a história dos amores de uma vida transcrita em versos, continuam alegrando tanto as “ garotos de Ipanema” quanto os garotos de todo o Brasil.
Vinicius, você tinha um milhão de Vinicius dentro de você mesmo:um músico, um poeta, um diplomata, um amante, um pai ... O que todos tinham em comum era a sede de viver e de buscar, sempre, a forma mais feliz de se viver, fato este que conseguiu encontrar, diferentemente de muitos por aí.

Assim  como sua música diz “Vamos reinventar de novo o amor”, sua vida foi desse jeito, cheia de invenções e mudanças de acordo com o que queria em cada momento. Prova disso, foram seus nove casamentos. Não são todos os homens que conseguem amar tanto e de forma tão intensa, tão profunda.

Mesmo tendo amado tantas mulheres, seu verdadeiro amor, depois da música, era a bebida. O copo de uísque na mesa do bar ou em sua casa em Petrópolis era ua felicidade tão grande que não o trocava por nada no mundo..
Outra admiração que tenho por você é a sua certeza e autoconfiança. Não se arrependia do que fazia nem mesmo duvidava de seus atos, se nascesse de novo faria tudo mais uma vez. Talvez tenha sido essa certeza de vida que lhe tenha dado tamanha felicidade, pois raros e felizes são aqueles que sabem o que fazem.

Por fim, penso que, se ainda estivesse entre nó, ainda estaria nos dando aulas de felicidade, de alegria, de samba, de atitude, de certeza, pois , além de pai, músico, poeta e diplomata, Vinicius, você também  foi um grande professor de vida.

Com carinho,
Vitória Hoff


Caro Vinicius,
foram-se anos desde a sua partida, no entanto, ainda se sente como uma ferida aberta. Poeta, compositor, galanteador, velho amigo, o branco mais negro do Brasil.
            O exemplo concreto de simplicidade e bom humor. Mesmo distante da sua presença física não há como  escapar de sua companhia. Evocar Vinicius é involuntário, tanto por suas prosas e versos quanto por suas composições ou até mesmo pela Bossa Nova somente. Vinícius é sinônimo de brasilidade; é cultura brasileira.
            Apesar de saber como amar, sempre que o ouço, ou leio, sinto como se reaprendesse e revivesse o amor, a felicidade e o companheirismo. Ao deparar-me com suas obras é como me pusesse em seu lugar. Sinto em mim o deslumbre com os encantos femininos como  se eu sempre estivesse em busca de um começo de paixão. Não foi à toa que teve tantas mulheres, ou melhor, amantes.
            Apaixonante!
            Não há Brasil sem Vinícius, assim como não existe a moça do corpo dourado sem o sol de Ipanema,; ou Itapuã sem suas tardes com água de coco, pois ser Vinícius é um verbo infinito.
            Sempre querido, com seu espírito jovial e risonho, irremediavelmente com um copo de uísque nas mãos, você, poetinha, dizia: “Quem passou por essa vidave não viveu/pode ser mais, mas sabe menos do que eu/ porque a vida só se dá pra quem se deu”.
            E é por isso, Vinícius que você me ajuda a viver.
                                                                       Camila e Naimmy (turma 31) 


Caro Vinícius,
quem lhe escreve é uma admiradora sua e de toda a sua obra, de toda a poesia inspiradora que há em suas canções e em tudo que já escreveu.
            Digo inspiradora, porque me faz pensar, me faz lembrar momentos bons da minha vida... “Garota de Ipanema” me lembra da fascinação que senti na primeira vez que fui à praia, da areia fofa e quente, do mar gelado de janeiro. “Aquarela” tem o som e as cores da minha infância; “Chega de Saudade” me faz pensar no amor distante, na vontade de estar junto, na angústia da distância e no alívio do reencontro...
            Mas não tenho como objetivo apenas falar o que sua obra representa para mi m, aliás, o Senhor foi e continua(rá)  sendo uma inspiração para todos. De acordo com Chico Buarque, sua formação era erudita, pois nasceu em família nobre. Isso é admirável porque ainda assim conquistou espaço no coração do povo brasileiro que pensa ter sido o Senhor um “aproveitador” da vida.
            E existe adjetivação mais bonita? Aliás, existe coisa mais bonita que a vida e o prazer de aproveitá-la?Por identificação, suas poesias passaram a citações na boca do povo brasileiro. Sua mais que merecida fama de “poetinha” é mantida até os dias atuais, inclusive, em filme internacional. E veja bem: atualmente, ainda que muitos tipos de músicas venham tomando conta da cabeça das pessoas, o Senhor não saiu de moda...
E talvez seja isso mais uma razão do meu fascínio por sua pessoa: a popularidade. Tantos anos se passaram e ninguém consegue se esquecer de tudo o que o Senhor fez; sua poesia simplesmente  se eternizou e não vai sair de nossa memória, nem da boca do povo!
Seu título de sedutor, todo seu envolvimento e inspiração que tirava das mulheres enriqueceram muito toda a sua obra. A marca de ter sempre um amor, uma mulher, um sentimento diferente em cada poema é algo altamente inspirador! (...) Tanta gente repete seus versos; afinal, se identificar com o amor de “Soneto de Fidelidade” e querer jurar “que não seja imortal,/posto que é chama,/ mas que seja infinito,/enquanto dure.”me faz querer acreditar que o amor pode existir de verdade.
Sua amiga Tonia Carrero disse uma vez que o Senhor “é um camarada que viveu de paixões”. E literalmente disse que “Quando uma paixão tomava conta dele, ele era inigualável”. O bonito disso é a ideia de “aproveitar a vida”, é viver seus amores tão intensamente e ainda deixar quatro provas vivas disso no mundo.
Sua vida foi repleta e deixou registros de uma poesia bonita e sutil, além do afeto expresso através dos adjetivos com os quais seus amigos o nomeiam: “poetinha”, “sedutor”, “gênio”. Afinal, não é disso que o mundo precisa? De poetas românticos  que vivam intensamente da paixão, da poesia? A gente precisa de amor, afinal de contas! Precisamos de mais gente que acredite que existe, sim, o amor verdadeiro e aposte nele, como o Senhor fez tantas vezes. É por isso que o seu legado na Terra  é tão admirável.
A cada vez que uma pessoa se identifica com algo escrito por alguém que falou tanto do amor, é uma porta que se abre para a vida no coração desse mundo que anda tão frio.
                                   Com a esperança nos românticos aproveitadores da vida,  de coração quente e cheio de amor,
                                               Nina 


Caro Vinícius,
Cá estou lhe escrevendo esta carta, pois sou uma grande fã e manter este contato está sendo uma honra. É o grande poeta diplomata brasileiro do século XX, o mais boêmio e com sede de vida e de descobrir a verdadeira felicidade.
O fato de ter se casado nove vezes explicita seu caráter apaixonado, em uma intensa busca por algo que, provavelmente, nem você tinha conhecimento. Creio que na sua concepção a vida é um ciclo infinito de querer, satisfazer, entediar-se e, depois, querer de novo. Era o verdadeiro “infinito enquanto dure”. No entanto, imagino que não tenha tido com tais damas as respectivas considerações merecidas. Coloco-me em seus lugares e creio que ficaria iludida,  extasiada por estar ao seu lado para, “de repente, não que de repente”, tudo desabar.
Sua casa, em Petrópolis, era um verdadeiro sonho. As portas sempre abertas, um encontro cultural , raro, de pessoas brilhantes.Você inaugurou inúmeros talentos, na época, jovens que, se não fosse por você, não teriam tido todo o prestígio que tiveram . Qualquer pessoa que tivesse mísera participação em suas músicas tornava-se parceiro.
Tem alta capacidade de transformação a sua poesia. A cada paixão, a cada época de vida havia um jeito novo de escrever. Acho isso incrível! A comprovação de constante renovação própria! Sua diplomacia também o obrigava a mudar. Cada hora em um país diferente. Absorvendo mais cultura, experiência e amor ao Brasil.
“O uísque é o melhor amigo do homem! É o cachorro engarrafado! A bebida foi um problema sério para você, poetinha. Não conseguia passar um dia sem sua dose clássica de uisquinho e, embora seja prazeroso, tire sua timidez e possibilite novas amizades e parcerias, em determinados momentos, torna-se vergonhoso. Que sou eu? Mas se fosse lhe dar um conselho seria o de  beber menos. O cuidado com  o corpo também  é importante.
Suas parcerias ajudaram a construir o que você é hoje. Tom Jobim primeiramente e, depois, Baden Powell, criaram com você a poesia negra em forma de música. Esse  caráter transformador comprova-se também nisso: entrega-se de corpo e alma às coisas em sua vida, tanto a seus amores quanto à vida profissional.
É um dos maiores exemplos do Brasil. O orgulho do povo! O branco mais negro do Berasil! Escrever lindamente sobre tudo de mais complexo e ais simples que há é um dom. O dom de fazer com que as palavras toquem as pessoas como fossem gente.
Pergunto-me, no entanto, se deveras você foi feliz. Ou se viver na constante busca da felicidade se  é feliz sem perceber, nesse caminho. Sei que aproveitou a vida, fez o que desejava, não se limitou, foi “sem vergonha” mesmo,, e se deleitou como poucos conseguem.
Admiro-o, Vinícius, e por isso o critico em alguns aspectos. Mas você é e sempre será o incrível poeta, que transforma letras em esperança de vida. Se posso escolher uma dentre suas poesias  que o caracterizasse seria esta:
Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofre junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais ...                                                      (Vinícius de Moraes)
                                                                      
                                                                                              Por Maria Fernanda Freitas 


Caro Vinicius
Assisti a um documentário sobre você outro dia. O filme é bem feito e interessante e, através dele, se pode perceber que sua vida também foi.
É estranho pensar que há um século atrás nascia uma figura tão importante para o Brasil, um gênio da Bossa Nova e de outros estilos musicais como o afro-samba. É mais estranho ainda pensar que nos deixou há 33 anos e que nunca o esqueceremos ou nos cansaremos de você. Eu, por exemplo, nem tive o prazer o prazer de conhecê-lo,  porém sei tantas coisas sobre a sua vida que é como se pudesse senti-lo em cada canção sua.
Os que tiveram a sorte de serem seus contemporâneos e os que têm a sorte de entrar em contato com a sua obra sabem que você foi um apaixonado. Apaixonado pela vida, por seus amigos, pela música e pelas mulheres. Todos
Com certeza foi essa busca que fez sua vida brilhante, mas por trás desse peito cansado de bater e desses sempre sorridentes e amigáveis lábios, também era possível perceber a angústia e o medo de ficar sozinho. Talvez por conta desses amores relâmpago e dessas contradições tenha se casado tantas vezes e, pelos mesmos motivos, se separado tantas vezes,magoando mulheres de filhos.
Sei que você foi um grande homem, mas poderia ter sido um diplomata e um pai melhor e mais presente, porém se não fossem esses defeitos e suas qualidades, sua felicidade exterior  e angústia interior, seus altos e baixos, talvez não fosse Vinicius de Moraes, um brasileiro que até hoje nos orgulha exatamente do jeito que foi.
                                                           Com carinho,
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Vitoria

Caro Vinicius,

Esse ano você faria 100 anos de idade se aquela dia em sua banheira, na casa da Gávea, não tivesse acontecido. Uma pena que não tenhamos realmente nos conhecido, mas "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida", e mesmo não o conhecendo, acabei por ver um documentário sobre você, e descobri mutas coisas par compartilhar.
Acho que talvez queira saber o que vem acontecendo no Brasil, pois, em alguns aspectos, sua pátria, "pátria minha", está muito diferente desde que você se foi. Passaram-se mais de 30 anos, e pelo que sei de sua personalidade, acho que algumas coisas o incomodariam e outras o deixariam maravilhado.
A ditadura militar acabou apenas cinco anos depois de sua morte. Acredito que você conseguiria seguir sua carreira de diplomata se quisesse, pois, mesmo depois de morto, você foi promovido e é nada mais nada menos do que o embaixador desde o ano de 2010. Mesmo com o fim da ditadura, o Brasil, embora democracia, continua com suas estranhezas. O racismo ainda existe, a violência contra a mulher melhora, mas não desaparece, os pobres continuam pobres e os ricos continuam ricos, e na verdade, a vida não esta assim tão diferente.
Mas, como você sabiamente disse, o futuro é incerto,"nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que vira, o fim dela ninguém sabe ao certo onde vai dar". E como ainda "é melhor ser alegre que ser triste", continuamos vivendo nossas vidas, ao som de seus versos e à espera de um futuro melhor, aproveitando as pequenas alegrias da vida. Afinal, ainda "o futebol é pura dança", ainda "brincam na luz as belas borboletas", existem agora outras garotas de Ipanema que passam "num doce balanço a caminho do mar" e todos ainda acreditam que "o destino dos homens é a liberdade". Enfim, sinto falta do Poetinha, se estivesse aqui, me ajudava a "rir meu riso de derramar meu pranto"

E pra você, só mais "Uma palavra : Adeus".

Paula Soares.

terça-feira, 9 de abril de 2013

JAMELÃO 100 ANOS: TRIBUTO DA FLIST


José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão, nasceu no bairro carioca de São Cristóvão, no dia 12 de maio de 1913. Foi um dos maiores cantores que este país conheceu. Cantava sambas-canção como ninguém, e foi um puxador de samba (intérprete!) inigualável. 
É um dos tributos da FLIST 2013.
 Apesar de grande intérprete de sambas-canção, talvez o maior de todos, Jamelão ficou muito popular como puxador-de-samba da Mangueira, função que exerceu por quase 60 anos.
 Boa noite

                   JAMELÃO

Você por aqui é novidade. 
Louvado seja Deus nosso Senhor. 
Quem lhe trouxe aqui foi a saudade 
A recordação do nosso amor 
Se lhe comprimento, é porque tenho prazer 
Dou-lhe boa noite, só por você merecer. 
Boa noite, boa noite querida 
Pelo que parece, estás por aqui perdida.
 

 Unanimidade dentro e fora do samba, o cantor recebeu em 2001 a medalha da Ordem do Mérito Cultural, entregue pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
 
 Foi como cantor de sambas-canção e intérprete de Lupicínio que ele se consagrou junto ao público e à crítica.

Em março de 2000, diante da insistência da Mangueira em homenageá-lo no carnaval seguinte: “Não quero ser enredo de nada, nem agora nem nunca”. 


quarta-feira, 27 de março de 2013

Zuenir Ventura lê crônica de Rubem Braga

Zuenir lê "Meu ideal seria escrever", de Rubem Braga:
http://oglobo.globo.com/infograficos/rubem-braga-audioslide/

'Meu ideal seria escrever...', de Rubem Braga

terça-feira, 19 de março de 2013

Ana Maria Machado: autora homenageada 2013


por Elizabeth D’Angelo Serra
                                                                      Secretária geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil                                                                           

Ana Maria Machado vive e escreve dialeticamente, apresentando em suas histórias o ponto e o contraponto dos conflitos para, em seguida, trazer uma síntese que se abre para uma nova situação sem nunca se encerrar em uma mensagem ou uma lição. Diz ela: Um escritor não tem que se preocupar com mensagens. Tem que contar uma boa história, de uma maneira interessante, com surpresas de linguagem, e criar um livro que divirta, faça pensar e fique na lembrança do leitor de alguma maneira, dando vontade de reler ou relembrar de vez em quando.
Essa combinação original é o mistério que nos atrai e que torna a sua obra única: a sua vida como uma pessoa comum e o seu olhar artístico e crítico para observar e procurar entender o mundo e suas relações, local e globalmente e, depois, nos contar, do seu jeito o que vê e sente. Por isto suas histórias têm sucesso também com crianças e jovens de terras diferentes e distantes do Brasil, em dezenas de países onde estão publicadas.
Ana não escreve livros para agradar, mas porque sua reflexão sobre a vida se faz por meio da escrita. Escrevendo, dialoga e partilha com os leitores suas experiências contando para isto com uma memória privilegiada. Sempre atenta ao que ocorre ao seu lado, ou mesmo longe, ela rapidamente conecta o passado e o presente com o olhar para o futuro, dando sentido às situações simples e complexas da vida nos ensinando o valor da História.
A Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), seção brasileira do International Board of Books for Young People – IBBY, é a instituição da qual Ana recebeu as mais altas premiações, inúmeras em diversas categorias. Em 1993, ela tornou-se Hors Concours nas premiações da FNLIJ.
Entre tantos prêmios recebidos, há importantes reconhecimentos que expressam o valor da repercussão de sua obra. Em 2000, a Ordem do Mérito da Cultura, concedida pelo Ministério da Cultura, no seu mais alto grau. Em 2001, a Academia Brasileira de Letras - ABL lhe deu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, pelo conjunto da obra. E, em 2003, ela foi eleita para ocupar a cadeira número 1 da ABL. Pela primeira vez, um autor com uma obra significativa para o público infantil foi escolhido. Atualmente, é a Presidente da ABL. Em 2012, recebeu a Medalha Tamandaré da Marinha do Brasil, pelos serviços prestados à cultura brasileira.
No âmbito internacional, ela recebeu o destacado Prêmio Hans Christian Andersen do IBBY, em 2000, considerado o pequeno Nobel da Literatura Infantil e Juvenil. Em 2011, recebeu o Prêmio Príncipe Claus, da Holanda. Em 2012, o título de Membro Honorária do IBBY e o Prêmio Ibero-americano de Literatura Infantil e Juvenil da Fundação SM.
Ana esteve exilada na Europa e trabalhou como jornalista na BBC de Londres. Ao voltar ao Brasil, em 1972, foi exonerada do serviço público na universidade o que a fez seguir na área do jornalismo no Jornal do Brasil e na rádio JBFM, onde permaneceu por oito anos.
Ela deixou a rádio e o jornal para uma nova experiência com livros: abriu a primeira livraria do país focada em livros infantis, a Malasartes.
Durante a ditadura, as produções artísticas para o público infantil não eram objetos de interesse dos censores que, certamente, não liam para seus filhos, desconhecendo a força formadora e revolucionária da literatura para a cultura e educação dos pequenos. Felizmente Ana Maria escolheu a literatura infantil como forma de se expressar, o que possibilitou levar, para nossos filhos e alunos, a esperança em um país mais justo e o valor inalienável da liberdade!
Os personagens das suas histórias rompem paradigmas: questionam as ordens sem sentido, definidas de cima para baixo sem discussão e as atitudes passivas frente às injustiças, se indignam com o desrespeito aos animais e à natureza sem criar uma dicotomia entre homem e natureza; semeiam relações de solidariedade, promovem as decisões em grupo onde todos podem se expressar e aprendem a ouvir. Eles falam de afetos, de amores e de amizades, sem maniqueísmos ou preconceitos.
Os direitos humanos e os valores democráticos estão presentes regando o imaginário e a fantasia infantil por meio de uma linguagem extremamente bem cuidada, só possível para quem tem o domínio do idioma que Ana traz na sua vasta bagagem intelectual, como leitora e estudiosa da Língua Portuguesa.
As histórias escritas, a partir de 69, na revista Recreio, sob a batuta de Ruth Rocha, revelaram Ana Maria dentre outros autores, como a própria Ruth Rocha. O sucesso dessas histórias junto aos professores e aos pais despertou a atenção dos editores que passaram a encomendar histórias para serem publicadas em livros!
O caminho de Ana como escritora nesses mais de 40 anos é firme, não cedendo aos modismos ou às exigências do mercado, pois é fiel ao que acredita, ao que ela gosta de fazer:
Em maio de 2000, em uma entrevista para o informativo da FNLIJ, ela disse: Eu escrevo porque gosto da língua portuguesa, porque gosto de histórias e conversas, gosto de pessoas com diferentes opiniões, gosto de outras vidas, de outras idéias. Outras emoções. Eu gosto de pensar e imaginar. E em todo esse processo, a leitura é fundamental.
Cumplicidade, afetividade, generosidade, compromisso com as mudanças de maneira radical, um profundo sentido de justiça e postura ética firme são algumas das muitas qualidades de Ana e que estão presentes, com ênfase, nas suas histórias.